O cooperativismo habitacional já está presente em países como Suíça, Alemanha e Holanda e, agora, vem ganhando força no Brasil 11 minutos de leitura
O cooperativismo habitacional já está presente em países como Suíça, Alemanha e Holanda e, agora, vem ganhando força no Brasil
Quando o cooperativismo habitacional é mencionado, muitas pessoas ainda podem ter suas dúvidas sobre o que ele representa na sociedade e como auxilia as comunidades.
Pois bem, pode-se dizer que o modelo atua como agente transformador do desenvolvimento urbano e busca combater o déficit habitacional, para garantir condições favoráveis de moradia.
Mas afinal, como o cooperativismo habitacional pode promover o acesso social à habitação?
Para responder a essa pergunta, o ColaboreSe conversou com o fundador e presidente da CICOM Cooperativa Habitacional, Carlos Massini, que atua no segmento cooperativista há mais de 15 anos, acompanhando a evolução do setor.
Você acompanha a entrevista a seguir!
A CICOM iniciou as atividades em razão das dificuldades impostas pelo setor imobiliário para a aquisição da casa própria.
A oferta de imóveis no mercado é realizada, atualmente, por construtoras e incorporadoras, e isto reflete, portanto, em uma oferta que atinja os objetivos dos empreendedores, com projetos pouco elaborados e maximização de lucro.
Nesse sentido, nasceu a cooperativa, com a visão de desenvolver projetos cooperativos que alcancem todas as diretrizes necessárias para o cumprimento de seus objetivos sociais, desde a aquisição de um terreno à obtenção de apoio junto a agentes financiadores.
O modelo funciona basicamente pelo rateio de custos entre os cooperados, para aquisição de produtos e serviços de maneira facilitada e a preço de custo. Deste modo, são calculados e rateados entre os cooperados todos os custos, desde administrativos e financeiros, até os técnicos.
As principais diferenças estão nas facilidades de adesão — as quais não exigem comprovação de renda, nem análise de crédito restritiva — e na oferta de planos de pagamento mais facilitados.
Outra vantagem é o valor da unidade: em torno de 40% a menos na comparação com o preço médio de mercado, já que se trata do preço de custo da obra.
Somado a isso, os empreendimentos também priorizam o bem-estar e a qualidade de vida, possuindo em seus projetos itens como varanda gourmet, espaço amplo e diversas opções de lazer.
No último ano, muitos debates sobre o poder do cooperativismo na economia brasileira foram fomentados.
A possibilidade de participar de uma organização produtiva independente, seja para vender ou comprar, é o que dá uma nova roupagem ao mercado da construção civil. Um setor conhecidamente complicado quando o assunto é formalização — para cada documento, um custo.
Porém, os impasses são tirados do caminho quando se tem uma cooperativa gerenciando os processos. A CICOM, por exemplo, é uma grande facilitadora para quem sonha com a casa própria. E se engana quem pensa que imóveis baratos são feitos em série, sem conforto ou requinte.
Esse é outro paradigma que vem sendo quebrado a cada dia: o cooperativismo preza por qualidade. Sua cadeia de negócios envolve investidores e profissionais talentosos e comprometidos em oferecer tudo o que os outros métodos tradicionais oferecem, porém, de uma forma muito mais conveniente.
Felizmente, o modelo é muito promissor em termos de redução de déficit habitacional. As facilidades que o cooperativismo traz aos cooperados são significativas no setor.
O cooperativismo busca desenvolver projetos habitacionais em que, normalmente, pelas práticas tradicionais do mercado imobiliário, não seriam realizados. Não se trata de um empreendedor em busca de lucro, mas de cooperados interessados na realização de um projeto de custo reduzido.
Sim, há planos de expansão para todo país. Em estudo atualmente, por exemplo, há perspectivas de chegarmos ao Nordeste, primeiramente no estado de Sergipe.
A pandemia atingiu fortemente o setor, sobretudo em razão de as medidas governamentais de assistência de crédito às construtoras e incorporadoras não atingirem as cooperativas, por ausência de legislação neste sentido.
Desse modo, as cooperativas não puderam recorrer às medidas emergenciais para manutenção de suas atividades.
Outro fator é o impacto das medidas de distanciamento social necessárias, as quais precisaram ser mitigadas pelo desenvolvimento de plataformas digitais, assinatura de atos cooperativos e fichas de matrícula à distância, além de outras medidas para se adequar às novas exigências.
Frente aos desafios que 2020 trouxe a todos os setores socioeconômicos, o cooperativismo não só conseguiu mais espaço para expandir uma política justa de negócios, mas se adaptou para chegar ainda mais próximo de quem almeja um país que cresça sob o pilar da equidade.
No setor habitacional, ferramentas digitais foram atualizadas para garantir que nenhuma oportunidade fosse perdida. E, por meio de assinaturas eletrônicas, a Cooperativa CICOM, que atua na Grande São Paulo, teve 350 novas adesões no último ano.
O período pós-pandemia, entretanto, será norteado pela busca de imóveis não localizados em centros urbanos, mas que possuam infraestrutura, como acesso à internet, uma vez que muitas profissões se adequaram ao trabalho remoto.
É possível que exista um êxodo dos grandes centros urbanos para regiões mais afastadas, porém dotadas de toda infraestrutura e conforto. E as cooperativas podem proporcionar essa conquista.
É, sem dúvida, um modelo de economia colaborativa — um dos mais antigos que existem, se não o pioneiro. Absolutamente tudo pode ser adquirido pelo cooperativismo, basta que as cooperativas se organizem para tanto.
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