Revitalização em Orlândia: o voluntariado que resgatou a alma da praça central da cidade

A revitalização do espaço público foi como quebrar as muretas ao redor das figueiras: deu espaço para a beleza se enraizar e reavivar o praz...

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Revitalização em Orlândia: o voluntariado que resgatou a alma da praça central da cidade

A revitalização do espaço público foi como quebrar as muretas ao redor das figueiras: deu espaço para a beleza se enraizar e reavivar o prazer dos passeios em Orlândia

Não poderia existir uma árvore mais simbólica para morar ali, na praça Mário Furtado, no centro de Orlândia (SP), a primeira praça da cidade. As figueiras imponentes que presenteiam os moradores com sombra espaçosa têm uma simbologia e tanto: esse é um tipo de árvore que remete à conexão com o sagrado. 

Na Bíblia, a figueira faz referência à prosperidade e segurança, por ser considerada muito nutricional e econômica. É também símbolo de abundância, castidade, fecundidade e imortalidade e pode estar entre as árvores mais antigas plantadas pelo ser humano.

Frondosas, com copas gigantes e raízes que se espalham, as figueiras da praça central estavam como a própria praça: sufocadas. As muretas ao redor cerceavam parte da saúde e beleza das árvores e acompanhavam o aspecto deteriorado desse espaço público de convívio dos orlandinos. 

As figueiras têm uma simbologia e tanto

Quem nasceu, cresceu e trabalhou sempre perto da praça em Orlândia, não poderia deixar esse sufocamento acontecer. Américo Alves Silveira queria mesmo era um ambiente como o que ele guarda na memória: a praça com fonte luminosa, coreto e a igreja em que foi coroinha. Em outubro de 2020, ele começou a trabalhar na revitalização do espaço. 

“A praça é de 1914, foi totalmente remodelada em 1965. Só que, dessa data até hoje, sofreu pelo descuido de todos. Estava muito alterada e estragada”, conta o administrador de empresas que também se tornou uma espécie de administrador da pracinha, liderando um grupo de voluntários e resolvendo tudo que faz parte da revitalização, desde a contratação de serviços, pedidos de doações e “mão na massa”.

Em 2020, ele começou a trabalhar na revitalização do espaço

Reforma, voluntariado e amizade germinando

A revitalização começou com Américo e um amigo fazendo o plantio de 20 árvores em duas calçadas laterais das ruas de Orlândia. Era trabalho para dois e virou trabalho para cinco depois que os pequenos gêmeos Mateus e Gustavo, de 8 anos, viram as ferramentas de plantio, se encantaram e decidiram ajudar e levar a mãe, Raquel, junto nessa missão. 

“Eu fui levá-los para tomar um sorvete perto da praça e encontramos o Américo e o Paulinho lá plantando. Os meninos quiseram ver de perto, viram como era feito o plantio, ficaram perguntando como faz e em quanto tempo as árvores crescem. Então o Américo convidou a gente para participar”, comenta a comerciante Raquel Terra Balieiro de Lima.

Ela também se lembra: “Já naquele dia meus filhos ajudaram a plantar uma árvore e no dia seguinte começamos a ajudar no plantio das demais. Arrumaram ajudantes bons porque os meninos adoram mexer com planta. Então juntou a tampa e a panela”.

A revitalização começou com Américo e um amigo

A revitalização terminou no mês seguinte, mas a vontade de trabalhar não. O grupo decidiu continuar restaurando o restante da praça. Para isso, precisaram da ajuda do setor privado.

“As laterais tinham 40 bancos de madeira com propaganda das empresas locais. Procuramos cada empresa para doar um valor que deu para reformar todos os bancos e ainda restaurar o piso de mosaico português, no mesmo molde do piso original”, descreve Américo.

É aí que a essência do cooperativismo entra e cumpre, mais uma vez, a missão de apoio local e transformação social. Entre as logomarcas de patrocinadores estampadas nos banquinhos da praça em Orlândia, está a do Sicredi, sombreada por uma das suntuosas figueiras. 

Por falar nelas, deixaram de ficar “espremidas”! “Retiramos as muretas, aumentamos a área de captação de água em volta das árvores e fizemos 200 metros de piso novo entre elas, sempre obedecendo o desenho original”.

O grupo decidiu continuar restaurando o restante da praça

Uma revitalização que está gerando frutos

A primeira etapa da revitalização já foi suficiente para dar cara nova ao antigo ambiente e rendeu até uma inauguração parcial, com música e homenagem. Mas os benefícios não ficaram só aí. 

Como as figueiras, essa iniciativa deu frutos em abundância: gerou uma inesperada amizade, ampliou as possibilidades de trabalho voluntário, uniu setores do município e despertou o desejo de fazer sempre mais e melhor pela comunidade. 

“Conseguimos uma empresa que vai reformar a fonte luminosa que está sem funcionar há anos. Também descobrimos que havia um lago numa lateral da praça que estava aterrada. Estamos recuperando esse lago. Lembramos de pedir doações também para os proprietários rurais e assim vamos conseguir reformar todo o restante da parte interna e a área do coreto da banda”, agradece Américo.

Rendeu até uma inauguração parcial, com música e homenagem

Dos mais antigos para os mais novos, a revitalização da praça é um presente daqueles que tiveram a oportunidade de ir ao cinema e depois namorar nos banquinhos e agora podem ver os filhos e netos também desfrutando do lugar. 

“É muito importante para resgatar o conceito de cidadania, as pessoas usarem corretamente — e com prazer — um espaço público. Com essa reforma, o cidadão já está sentindo mais orgulho de ser orlandino porque a praça representa a conservação de um prédio histórico, — que é a igreja Santa Genoveva — de lembranças e as novas gerações que vão começando a usar este local de maneira mais saudável”.

A revitalização da praça é um presente

A sementinha já está plantada. “Eles adoraram ver a praça revitalizada, acharam que ficou mais verde, e ficam imaginando como vai ficar colorido quando as árvores crescerem”, conta Raquel, mãe dos gêmeos que, assim como as demais crianças, agora terão ainda mais motivos para um passeio regado a sorvete, natureza e histórias.

Um “galho extra”

O orgulho do Sicredi em fazer parte dessa iniciativa se manifesta não só nesta matéria, mas tem ainda outra ramificação: mais um episódio do nosso “ColaboreCast”, um podcast dedicado a essas histórias de transformação social que nos inspiram tanto, está no ar! 

Então, corre para o Spotify e dê o play para escutar os personagens desta reportagem falando sobre “A importância de ensinar as crianças a se envolverem em ações voluntárias”.

*Este conteúdo pertence ao Sicredi Aliança PR/SP, que apoia projetos sociais em prol do crescimento social. Saiba mais sobre nós aqui.

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