Canta Marechal: coral de jovens rondonenses traz ritmo à adolescência e afina o futuro

Como o coral “Canta Marechal” tem transformado a vida de jovens rondonenses por meio da música e do trabalho em equi...

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Canta Marechal: coral de jovens rondonenses traz ritmo à adolescência e afina o futuro

Como o coral “Canta Marechal” tem transformado a vida de jovens rondonenses por meio da música e do trabalho em equipe

Basta um ouvido mais apurado e um olhar mais sensível para perceber que a música pode ser cheia de didática. Mais do que um aglomerado de sons, por trás de uma canção há um claro ensinamento sobre empatia e construção coletiva. 

Existe a hora certa para cada nota, existe o momento certo de cada timbre. Às vezes, é tempo de brilhar em um solo, outra vezes, a emoção certa só se alcança com um coral. 

A música nos ensina a identificar quando é preciso ser protagonista ou quando devemos atenuar nosso próprio tom para que a voz do outro possa prevalecer. Também nos ensina a chegar num resultado harmônico, mesmo quando há tantas tessituras diferentes.

O trabalho do regente Gerson Daniel Giese é este: equalizar vozes, encontrar harmonia com tanta diversidade vocal e, de quebra, fazer do canto um instrumento de formação de cidadãos comprometidos. Já são mais de 18 anos de estudo entre teoria, história, pedagogia da música e regência e, ainda assim, nada se compara à experiência de realmente poder praticar. 

Ser maestro do coral de jovens “Canta Marechal” e estar conectado com a voz de cada coralista é, segundo Gerson, o que faz dele um profissional preparado e realizado.

A ideia tímida de alguns moradores de Marechal Cândido Rondon (PR) começou a reverberar e ganhar ritmo quando a trajetória de Gerson se somou ao cooperativismo do Sicredi

Em fevereiro de 2018, depois de várias reuniões regadas a chimarrão, nasceu o coral, já com um expressivo número de vozes: 80 participantes

“Alguns alunos já cantavam em outros projetos, nas igrejas, e foram trazendo mais amigos. Começaram a vir em ‘bandos’. O amigo trazia outro amigo e quando a gente viu estávamos com 120 alunos e tivemos que encerrar as matrículas. Formamos um novo coro, um novo som, um novo formato, com apoio do Sicredi e de outras empresas que depois se somaram e, ininterruptamente, estamos fazendo essa história até hoje”, explica Gerson, que conta ainda com o trabalho de outra importante peça: Michele Coelho, preparadora vocal do coral de jovens.

Em fevereiro de 2018, nasceu o coral

Ensaiando para subir no palco da vida

Se você já teve a oportunidade de escutar o coral “Canta Marechal/Sicredi” se apresentando, deve ter se arrepiado com aquela soma de vozes quebrando o silêncio. A genialidade dos graves e agudos se complementando dá ao público uma sensação de coração palpitando, olhos marejando e alma se preenchendo. 

É o poder da música encontrando ainda mais potência nas cordas vocais de quem tem tanta vitalidade pulsando. Se nunca os escutou, pare um minutinho a leitura, dê o play e permita que seu dia ganhe esta dose de emoção:

Não existem audições, não há nenhum tipo de teste

Entre essas vozes, está Samuel Borth, de 19 anos, que apesar de estar envolvido com a rotina acadêmica, permanece fazendo parte do projeto. 

“O coral serve para mim como um porto seguro, porque é o momento da semana que eu deixo de ter minhas preocupações com a faculdade ou o dia a dia, e posso me reunir com meus amigos para cantar, ensaiar e aprender um pouco de teoria”, conta.

É uma história que se repete: uma vez coralista, sempre coralista. Cantar dá tanto sentido à vida de cada integrante, que fica difícil dizer adeus mesmo quando outros afazeres já tomam conta do cotidiano. 

“Pretendo continuar sempre no coral, porque são experiências que não quero deixar só na memória. Quero continuar criando mais memórias, mais momentos inesquecíveis, quero continuar cantando e alegrando nosso público”, deseja Bruno Loebens dos Santos, de 17 anos.

“Buscamos passar para eles a necessidade da gente se preocupar um pouco mais com o próximo”

Mas que magia tem esse grupo? O que faz tantos jovens esperarem ansiosos pelo dia do ensaio? A resposta está no acolhimento e no direcionamento que o coral dá, muito além da música em si. 

Para começar, não existem audições, não há nenhum tipo de teste. A equipe parte do princípio de que a vontade de cantar é o critério principal, a técnica vem depois, lapidando cada voz. E no desenrolar dos ensaios, na adrenalina de subir em um palco, entre as partituras e as conversas de bastidores, surge um aprendizado que ecoa. 

“Buscamos passar para eles a necessidade da gente se preocupar um pouco mais com o próximo. Quando se canta num coral, ali existe um coro, ninguém é mais do que ninguém. E isso eles levam para a vida: respeito, disciplina… Percebendo que eu não posso cantar mais forte que o outro, não posso estourar minha voz nesse agudo porque eu tenho outros agudos que cantam comigo. Tudo isso acaba personificando o coralista e ele leva isso para fora!”, detalha o regente Gerson.

Ele ainda acrescentou que os ensinamentos sempre vão além de “cantar afinado”, cada aluno aprende diversos critérios, como:

  • Postura 
  • Respiração
  • Articulação
  • Dicção 
  • Oratória 
  • Roteiro
  • Escrita
  • Inteligência emocional
  • Relacionamento interpessoal
  • Responsabilidades 

Afinal, só existe coro, se tiver trabalho em equipe!

“A música é algo que alegra, traz paz, proporciona amigos. Aqui consigo me conectar com as pessoas e é muito relaxante”

Tem sido assim para a Rafaela Frandoloso, de 15 anos, que vem passando por uma revolução pessoal por conta de tudo que a música trouxe

“Eu era uma pessoa quase sem coordenação motora. Aprendi a cantar, tocar instrumentos e melhorei até para me expressar e ter mais desenvoltura. Aqui, a gente aprende muito sobre cooperação: aprende a ouvir mais, porque temos que ouvir o outro para entrar em sincronia. A música é algo que alegra, traz paz, proporciona amigos. Aqui consigo me conectar com as pessoas e é muito relaxante!  O coral me torna uma pessoa mais leve, até minha relação com a família é mais tranquila, porque sempre volto para casa mais feliz”.

“O dia que tem ensaio é um dia mais feliz porque sei que vou encontrar meus amigos, cantar e esquecer qualquer problema”

Assim, a dinâmica dos ensaios do coral de jovens, as experiências das viagens, cada responsabilidade assumida para o bem do grupo, cada lição absorvida, não poderiam ser interpretadas por eles de outra forma: para os alunos, o coral é terapia. 

“Na música acontecem muitos erros e acertos: tem dia que você está totalmente fora, e tem dias que você acerta a nota perfeitamente. Altos e baixos existem na música e na vida. Esse aprendizado vou levar para sempre. Tantas amizades, memórias dos eventos, aquele nervosismo de entrar no palco, aquela sensação boa com uma música nova. O dia que tem ensaio é um dia mais feliz porque sei que vou encontrar meus amigos, cantar e esquecer qualquer problema”, reflete Májori Klein, de 16 anos.

Manter um coral durante uma pandemia foi um exercício de criatividade!

O distanciamento social imposto pela circulação do coronavírus poderia ser visto como uma nota fora do tom, mas — ainda bem — foi encarado como inspiração para novos jeitos de fazer música, ainda que virtualmente. 

“A pandemia pegou de surpresa quem não sabe se reinventar. Mas dentro do coro eu sempre incentivo que eles trabalhem a criatividade. Então usamos a tecnologia para encontrarmos formas diferentes de passar áudio, fazer técnica, festa junina virtual, conversar, colocar músicas diferentes para eles ouvirem, conhecerem outros artistas…”, explica Gerson.

Agora, com o avanço da vacinação e com os cuidados necessários, os ensaios presenciais no Colégio Evangélico Martin Luther estão retornando. E o interesse tem crescido: para o segundo semestre de 2021, existem 130 vagas e quase todas já estão preenchidas por jovens e adolescentes rondonenses de 11 a 20 anos.

Sicredi: dando voz à cultura local

“Apoiar o coral Canta Marechal é contribuir com a cultura e a educação da cidade e da região. Porque através desse projeto, que encanta todas as pessoas que têm a oportunidade de assisti-los, percebemos o quanto é importante investir nos jovens e quantos talentos temos na nossa região e, às vezes, do lado da nossa própria casa”, conta Fernando Fenner, diretor-executivo da Sicredi Aliança PR/SP.

Ele também complementa: “Nossa cooperativa é da sociedade, então teremos sempre um olhar de colaboração, seja financeira ou com voluntários, para aquilo que vier trazer benefício para a comunidade onde o Sicredi está inserido. Entendemos que é nossa responsabilidade estarmos juntos em ações que elevam a cultura e a educação”

*Este conteúdo pertence ao Sicredi Aliança PR/SP, que apoia projetos sociais em prol do crescimento social. Saiba mais sobre nós aqui.

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