Série documental “Marcas”: o trabalho de agentes de transformação no enfrentamento da pandemia em cidades pequenas

Série documental “Marcas” narra histórias de cidades durante a pandemia e mostra como a Sicredi Aliança PR/SP atua...

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Série documental “Marcas”: o trabalho de agentes de transformação no enfrentamento da pandemia em cidades pequenas

Série documental “Marcas” narra histórias de cidades durante a pandemia e mostra como a Sicredi Aliança PR/SP atua como verdadeiros agentes de transformação

Em março de 2020, o Brasil acompanhava apreensivo as notícias sobre a chegada da covid-19 ao país. Em pouco tempo, a doença retratada nos noticiários deixou de ser algo distante, que afetava, até então, grandes cidades ou quem esteve viajando. 

Mas o vírus chegou e passou a ocupar todos os espaços, contaminando famílias inteiras, colegas e amigos. Com isso, sentimentos de medo e insegurança, além da perspectiva de uma série de desafios, chegava aos cantos mais remotos do país.

A série documental “Marcas”, produzida pela Sicredi Aliança PR/SP – que atua como agentes de transformação nesta história —, conta histórias de superação vividas em cidades pequenas. São relatos de como agricultores, comerciantes, pesquisadores e servidores atuaram para minimizar os efeitos da pandemia e superar esse desafio. 

O ColaboreSe conversou com o assessor de comunicação da Sicredi Aliança PR/SP, Evandro Moreno Muro, um dos idealizadores do projeto, e com o sócio e diretor de cena da Casa na Árvore Filmes, Alexandre Fachin, sobre a produção. As entrevistas você confere abaixo.

Como surgiu a ideia da série documental “Marcas”?

Evandro: Surgiu no auge da pandemia em nossa cidade. Era grande o número de casos e de histórias de sofrimento e superação. A covid-19 estava no nosso dia a dia, e ninguém mais ficava ileso. 

Todos ouviam relatos ou tinham casos em suas famílias. Não era mais só uma notícia no Jornal Nacional: a covid-19 estava em todas as esquinas da nossa cidade, mas isso não era reportado

A imprensa local não tinha uma linha jornalística para contar o nosso dia a dia frente à pandemia, e os grandes veículos, obviamente, estavam noticiando as situações nos grandes centros: Curitiba, São Paulo, ou grandes cidades do interior, como Campinas e Ribeirão Preto.

A nossa área de ação não recebia essa atenção, essa visão da imprensa para narrar os desafios, as angústias, os medos, as superações. Mas acabamos percebendo que esse também é o papel do cooperativismo. Ser um agente de transformação passa por entender esse processo

E a covid-19 provocou várias, tanto no mercado financeiro e de trabalho quanto nas relações humanas. Concluímos que esse era nosso papel: contar as histórias que a pandemia “criou” em nossas áreas de atuação. São relatos de superação, que começaram tristes, mas que tiveram uma virada. Isso foi muito importante. 

A ideia do Marcas era passar uma mensagem positiva. Era algo na linha do “tivemos esse desafio e como vamos superar”, ou “como estamos superando a pandemia em nossas cidades?”, que são cidades pequenas, mas importantes e feitas por pessoas. Seres humanos que, independentemente de estarem em um pequeno ou grande centro, viveram a covid-19 e aceitaram contar o que passaram e o seu modo de ver esse evento mundial tão preocupante quanto a pandemia.

Todos ouviam relatos ou tinham casos em suas famílias

Qual a mensagem principal da série?

Evandro: A série documental “Marcas” transmite algumas mensagens: 

  • A primeira delas é a documentação sobre como nossas cidades receberam a pandemia. Antes parecia mais uma manchete do Jornal Nacional, mas, depois, estávamos convivendo com o vírus nas nossas esquinas, nos nossos hospitais. A pandemia saiu de São Paulo e chegou em Marechal, atingindo seus 50 mil habitantes. Como recebemos essa situação tão dramática? Como os cidadãos a receberam? Como as autoridades passaram a lidar com isso?
  • A segunda é: quais foram os desafios e as mudanças? Foram muitas, e todas negativas, mas como superamos a dor e as mortes causadas pela pandemia? Como estamos superando e nos reinventando?

Acredito que esse ciclo de mensagens retrata o que é o Marcas com uma abordagem muito positiva. O olhar de transformação que toda a dor que a covid-19 gerou, nos fez aprender, e com esse aprendizado criamos algo positivo e levaremos essa lição para o futuro.

Como foi o processo de escolha dos personagens?

Evandro: Esse momento foi muito legal. A Sicredi Aliança é extremamente próxima da sociedade, então, nós realmente vivemos as histórias de nossos associados e comunidade. 

Estávamos inseridos em histórias tristes, de superação e que, de alguma forma, comoviam a cidade toda. Fazemos parte disso, não somos um organismo à parte da comunidade; é algo do nosso cotidiano, e a pandemia amplificou essa nossa conexão. 

Então, os personagens foram “pinçados” desse cenário. Por exemplo, a Fries, aqui de Marechal: nós vivemos a dor deles durante toda a pandemia. Tiveram que fechar a lanchonete, e ficaram impedidos de receber pessoas por conta dos protocolos sanitários, sem contar que sofreram com um incêndio. Foi um duplo desafio em um ano extremamente complicado.

No caso da Unesp, em Jaboticabal, quando tivemos colaboradores infectados,  observamos o papel da universidade na pesquisa, já que eles estavam mapeando a doença na comunidade. 

Isso foi muito legal, e a escolha foi muito natural. O storytelling foi real, foi do nosso dia a dia. Nós percebemos o quanto a Secretaria de Saúde de Marechal estava empenhada em fazer um bom trabalho, justamente para cuidar do seu cidadão, independentemente de política.

Acho que a série documental “Marcas” mostra muito isso: a neutralidade do cooperativismo e a preocupação com o cidadão. Somos testemunhas disso. Em Quatro Pontes, voltamos nosso olhar para o agro porque o cultivo dos alimentos tinha que continuar. 

E como os habitantes absorveram a doença em uma cidade de quatro mil habitantes como Quatro Pontes, majoritariamente formada por idosos? A ideia foi retratar como eles passaram por esse momento, considerando que eram as pessoas mais afetadas.

Então, escolhemos esses personagens porque nós convivemos com eles como uma empresa — uma cooperativa —, com um olhar comunitário, com a presença da comunidade e com a ideia de transformação.

Com esse aprendizado criamos algo positivo

O que significa para o Sicredi contar essas histórias?

Evandro: O Marcas foi um marco, e um trabalho muito além do comercial. Nós não queríamos fazer propaganda de um produto ou de um serviço financeiro, queríamos mostrar a nossa causa, que é ser mais do que uma instituição financeira, ser mais que um banco cooperativo. 

Somos agentes de transformação, mas primeiramente, precisamos entender esse processo e que a pandemia foi uma transformação imensurável. O impacto nas cidades que a Sicredi Aliança atende foi muito grande. 

Temos cidades na região que são extremamente novas e que não viveram uma pandemia antes, como a gripe espanhola, por exemplo. Não, não houve isso. A pandemia é algo novo e desafiador

Nós percebemos que se tratava de uma transformação enorme no mercado financeiro, no mercado de trabalho, nas relações humanas, nas relações sociais, na educação -, que é também uma bandeira importante que o cooperativismo levanta.

Como agentes de transformação, precisamos entender, contar e levar o processo para o nosso público. Acho que o Marcas é isso: o resultado de um trabalho, acima de tudo, jornalístico. 

Estamos certos de que já entrou para a história da cooperativa, e que é extremamente importante para as cidades onde atuamos. Estamos extremamente felizes com esse trabalho, emocionados até hoje, inclusive.

Eu lembro quando fizemos a apresentação dos filmes para os personagens escolhidos, ou seja, os personagens reais, e todos se emocionaram porque contamos uma etapa dessa transformação, desse desafio que é permanente. 

Nós ainda não saímos dessa pandemia, portanto, continuamos a vivenciar toda essa revolução que ela ocasionou, então, o filme emociona porque conta uma parte importante da história dos nossos municípios.

A série documental “Marcas” mostrou diferentes perspectivas no enfrentamento da pandemia. Qual o sentimento que vocês buscavam retratar?

Alexandre: O tema é bastante delicado, e ainda estamos lidando com a pandemia. A primeira intenção da série documental “Marcas” foi justamente mostrar como essas comunidades estão enfrentando a crise, por meio de um olhar mais humano para as pessoas das comunidades.

O aspecto mais importante para nós, que aliás, foi definido junto com a equipe do Sicredi, foi buscar no enfrentamento da pandemia, a percepção da colaboração e da cooperação entre as pessoas. E foi exatamente o que encontramos.

Trabalhamos uma linha narrativa pura, humana, e todas aquelas pessoas são contadoras da sua própria história, dos seus medos, angústias e percepções. Tomamos um grande cuidado para não politizar a série, evitando qualquer desvio nesse sentido. 

Na direção de cada uma das pessoas entrevistadas, o desafio foi  buscar a verdade dentro delas. Para evitar a câmera, fiquei em frente às pessoas e segui com uma conversa franca e aberta, olhando nos olhos de cada uma, me emocionando, sorrindo, e vibrando junto. 

As entrevistas foram longas, e seguiram até os pontos que eu buscava: as impressões pessoais, as vivências, as angústias, e os medos até que tudo se transformasse em um desabafo, uma catarse. 

A partir daí, cada uma delas foi buscando as suas forças, se levantando e agindo. É justamente nesse momento que elas mostraram toda a sua força, empatia e compaixão.

O Marcas foi um marco, um trabalho além do comercial

Como foi a receptividade dos personagens para a gravação? As pessoas ficaram felizes de compartilhar suas histórias neste momento tão delicado?

Alexandre: A receptividade foi imensa! Todas essas pessoas se abriram, foram generosas, honestas, sinceras, contaram suas histórias. Cada uma delas viveu e vive a pandemia de uma forma distinta, mas todas acumulam perdas de amigos, familiares, colegas.

É como uma sessão de terapia, quando, ao ouvir o outro, você acaba se percebendo no meio disso tudo. É impossível não ter empatia, não se emocionar junto.

Teve alguma história que, para você, se destacou? Algo que lhe marcou?

Alexandre: Honestamente? Todas me marcaram. Cada um dos filmes foca em temas distintos:

  • O episódio de Quatro Pontes, por exemplo, teve um equilíbrio incrível entre a profundidade da Elaine Sanders e a diligência e a força do casal Dalpizzol.
  • O episódio de Jaboticabal mostra os relatos das pessoas que estiveram no olho do furacão, isto é, no combate direto à pandemia, o que nos deixa a reflexão sobre a importância da pesquisa científica, dos centros de ensino, da educação, e como isso ajudou a virar o jogo na cidade em um momento de tamanha gravidade.
  • O de Marechal Cândido Rondon foi o mais diverso de todos. São várias faces da mesma história, que reforçam muito o aspecto da união e colaboração entre as pessoas e como essas posturas são capazes de transformar tudo.

Em Olímpia, observamos um outro lado, o do turismo, setor também muito afetado pela pandemia. Em especial,  senti uma identificação muito grande com o casal da Fries Hamburgueria, de Marechal Cândido Rondon. Eles enfrentaram a pandemia e passaram por um incêndio, mas foram à luta, e conseguiram se reerguer, mesmo com muita coisa desabando ao seu redor. 

Poucas semanas depois das filmagens em Marechal Cândido Rondon, os dois positivaram para covid-19, mas, de novo, conseguiram se recuperar. A história deles é, sem dúvida, bastante inspiradora.

É impossível não ter empatia, não se emocionar junto

O que as pessoas podem esperar dos vídeos?

Alexandre: Acredito que as pessoas vão se enxergar nas histórias contadas em Marcas, seja em um relato ou outro, a série mostra sensações universais, como o temor e a angústia, mas também a força, a garra e, principalmente, a compaixão, sentimento que nos faz humanos. 

Nos relatos, existem movimentos que se reconhecem em qualquer cultura. É a real jornada do herói. É inspirador!

Uma mensagem final convidando as pessoas a assistirem a série…

Alexandre: Mesmo nos momentos mais difíceis da nossa caminhada, ouvir relatos de superação pode nos fazer levantar novamente. Não existe nada mais poderoso do que esse estímulo. Se você quer se inspirar e se emocionar, assista a série Marcas.

Assista aos episódios no Youtube da Sicredi Aliança PR/SP.

*Este conteúdo pertence ao Sicredi Aliança PR/SP, que apoia projetos sociais em prol do crescimento social. Saiba mais sobre nós aqui.

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