Já imaginou um guarda-roupa por assinatura? Essa é a proposta da Blimo, um serviço mensal com várias peças de roupas que podem ser compartil...12 minutos de leitura
Já imaginou um guarda-roupa por assinatura? Essa é a proposta da Blimo, um serviço mensal com várias peças de roupas que podem ser compartilhadas. Isso que é moda sustentável
A ideia da moda sustentável nasceu para disseminar um consumo consciente e colaborativo. O mesmo acontece com serviços oferecidos por Airbnb, Uber, 99, Spotify, Netflix etc.
Esse novo jeito de fazer negócios pressupõe um consumo que pensa em questões socioambientais de um jeito mais consciente e democrático. Ou seja, é um modelo que prioriza o sentido de comunidade e que repensa o progresso desenfreado do capitalismo.
Os reflexos dessa tendência alcançaram a indústria da moda com o propósito de oferecer moda sustentável e acessível por meio de assinaturas mensais ou aluguéis pontuais.
Entre as empresas que investiram nessa modalidade de negócios está a Blimo, uma verdadeira biblioteca de moda localizada na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo.
Para entender o conceito central da empresa, é necessário refletir sobre a seguinte pergunta: o que é mais importante? Ter uma roupa ou usá-la?
A questão gira em torno da consciência de que as pessoas podem continuar seguindo as tendências da moda sem necessariamente acumular e possuir, afinal muitas peças ficam paradas nos guardas-roupas por meses. O modelo de assinatura, então, contribui para a moda sustentável.
Moda sustentável: um closet fora de casa
O aluguel de roupas pode não ser novidade, mas essa proposta da Blimo, sim, pois estimula a ideia de comprar menos e reutilizar mais, mas por enquanto a loja trabalha apenas com roupas femininas.
O armário compartilhado ainda traz o benefício de utilizar diferentes peças de roupas sempre que quiserem. Quem nunca usou uma roupa da irmã ou amiga?
A própria loja se descreve de um jeito bem-humorado como uma “Netflix de roupas” e ainda adota o conceito inovador de ‘Fashion as a Service’, em que as peças são alugadas por um período em vez de serem compradas.
Dessa forma, há uma democratização da moda em um modelo de consumo consciente de moda sustentável, que auxilia na criação de uma cultura do compartilhamento entre as usuárias que ultrapassa a área fashion.
A inspiração para a criação do local, em 2016, surgiu por meio de uma biblioteca de roupas holandesas.
“Queria criar um negócio e quando vi esse modelo fora do Brasil, achei incrível. Comecei a estudar o mecanismo e fiz as adaptações para tornar o processo (de compartilhamento de roupas) mais simplificado”, conta a fundadora da Blimo, Mariane Salerno.
A loja oferece diferentes planos de assinatura mensal, que permitem acesso a todo o acervo de peças. Porém, como o espaço físico está fechado em função da pandemia de Covid-19, atualmente as opções vigentes são o Plano Viagem, em que a cliente paga R$ 100 por mês e pode receber três looks (até seis peças) em casa, ou o Plano Gold, com entrega a cada 15 dias.
No caso do Gold, por R$ 190, a cliente pode realizar a troca das roupas duas vezes no mês e em cada uma delas receber dois looks ou até quatro peças. As exceções são bolsas, sapatos e acessórios, cujo aluguel é cobrado à parte.
De acordo com Salerno, mesmo que seja essa a dinâmica adotada, não é preciso ter uma periodicidade. Considerando o funcionamento da loja física, a clientela tem a opção de escolher peças diferentes todos os dias.
O local conta com um acervo de mais de 700 peças de marcas selecionadas e consagradas no mercado da moda, como Farm, Cantão e Totem, e uma variedade de tamanhos, incluindo a linha plus size, para atender diferentes estilos e necessidades. Ou seja, além de moda sustentável, é ainda inclusiva.
“Tem tanto para o casual quanto para o office (trabalho) e também festas”, comenta a fundadora.
Além de São Paulo, a loja também realiza o envio de roupas para todo o Brasil, por meio dos Correios.
Nova consciência de consumo
Para as clientes, a principal vantagem desse modelo de consumo é conseguir variar o seu guarda-roupa por um preço acessível, sem precisar gastar valores altos ou adquirir novas peças.
Segundo Salerno, é algo que tem sido aceito justamente porque abre muitas possibilidades.
“Com um ano de Blimo, você compraria, nas marcas que a gente tem na loja, cerca de 10 peças, mas se usar a assinatura, vai vestir, e isso eu digo tranquilamente, mais de 200 durante o ano, sem precisar comprar”, destaca.
Da mesma forma, o mercado da moda sustentável encontra, nesse cenário, algumas alternativas para minimizar os impactos causados ao meio ambiente devido à superprodução, já que a moda é uma das indústrias mais poluentes.
De acordo com um relatório das Nações Unidas, ela é responsável por cerca de quase 10% das emissões de carbono no mundo — mais do que voos internacionais e transporte marítimos juntos. Além disso, mais de 80% do impacto ambiental vem dos materiais usados na fabricação e na venda de peças de vestuário e calçados, como a embalagem, a remessa e a troca.
Para Salerno, isso demonstra que o consumo consciente não se trata apenas de um modismo, mas também abre margem para refletir sobre os impactos do jeito antigo de consumir e a viabilidade de um modelo de moda sustentável.
“A gente não precisa que cada pessoa tenha muitas peças. Entre os motivos está o fato de que logo você quer trocar e renovar, mas ainda não temos o descarte ideal para roupas, a reciclagem desse produto, então fica difícil comprar desenfreadamente”, pontua e acrescenta: “E no acervo você pode ter uma diversidade enorme, sem precisar comprar e gastar. Então, economicamente também é uma vantagem”.
Com o fortalecimento da economia colaborativa, a moda sustentável e uma nova consciência de consumo, a época dos excessos pode estar com os dias contados. A fundadora da Blimo considera, inclusive, que esse conceito aplicado ao compartilhamento de roupas veio para ficar.
“Tenho clientes que falam que reduziram em até 60% a compra de roupas. É muito gratificante e vale a pena” – Mariane Salerno
Consequentemente, o velho hábito de comprar roupas variadas em redes de fast fashion (moda rápida) ou de ter um guarda-roupa ostentação já não está mais na moda.
É hora de ir além do comprar e do vestir. Na moda sustentável, uma coisa é certa: todo mundo ganha e economiza.
Com isso, um mundo no qual a prioridade deixa de ser a obtenção de um bem ou serviço parece não estar tão longe da realidade. Cada vez mais caminhamos para um destino com consciência sustentável e colaborativa.
“Já surgiram vários outros armários compartilhados, o que é muito bom. Ainda precisa crescer mais, porque é algo considerado recente, mas eu acho que é uma tendência, justamente por conta de custo-benefício e também porque a gente precisa partir para esse tipo de iniciativa, uma vez que não damos mais conta de ter o modelo de vida que temos hoje”, conclui Salermo.
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