Crescendo com o Basquete: projeto forma jovens atletas dentro e fora das quadras

Há nove anos em Marechal Cândido Rondon, “Crescendo com o basquete” ajuda a formar atletas, mas, principalmente, bons cidadãos
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Crescendo com o Basquete: projeto forma jovens atletas dentro e fora das quadras

Há nove anos em Marechal Cândido Rondon, “Crescendo com o basquete” ajuda a formar atletas, mas, principalmente, bons cidadãos

A invenção do basquete foi, na verdade, um grande improviso. Em meio ao gelado inverno dos Estados Unidos, em 1891, o professor canadense James Naismith recebeu a missão de criar um esporte que os alunos da escola cristã Springfield College pudessem praticar no frio e no verão.

A intenção era manter a criançada ocupada, em movimento, com alguma prática sem violência. James abraçou o desafio e decidiu criar um esporte praticado com as mãos, com 13 regras básicas.

Pegou duas cestas de pêssego e colocou uma em cada ponta da quadra. Com certeza, ele não imaginava que esse improviso se tornaria um dos esportes mais populares do mundo – segundo a TotalSportek – e uma importante ferramenta de transformação social.

Mais de um século depois, chega a Marechal Cândido Rondon, município do Oeste do Paraná.

A cidade é um dos principais espaços de prática do basquete no Paraná. A disseminação, em grande parte, se deve ao projeto “Crescendo com o basquete” iniciado em 2013.

Administrada por uma associação que leva o mesmo nome, a iniciativa conta com a união entre o poder público e a iniciativa privada para manter 350 pessoas – entre crianças, adultos e idosos – envolvidas na prática do esporte.

Os três professores de Goes

Marcelo Goes é o fundador da associação “Crescendo com o Basquete” e é quem toca o projeto. Ele confessa ser um alucinado por esportes, e isso começou bem cedo.

Quando tinha 13 anos, seu professor de Educação Física, Jairo Akira Taniguchi, percebeu sua aptidão em variadas práticas e afirmou: “você tem um dom voltado para os esportes”.

A frase martela até hoje na cabeça de Marcelo e foi o fio condutor para a construção da sua carreira.

Apesar do domínio de diferentes esportes, ainda no Ensino Médio, Goes foi fisgado pelo futebol, por meio de um outro professor que marcou a sua trajetória.

Elói Kruger, treinador do esporte bretão, viu a desenvoltura do atleta em um jogo e quis contar com ele na equipe. Não se tratava de um jogador qualquer, era bom de bola!

Mesmo assim, considerava o futuro no futebol muito incerto, por conta da grande competitividade para conseguir chegar a uma equipe profissional.

“Você tem um dom voltado para os esportes”.

Com tamanha vocação para os esportes, não dava para fugir da escolha: ele foi cursar Educação Física.

Em 1989 começou a formação na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – e por lá, esbarrou com mais um mestre para a vida.

Nas aulas de basquete, o professor Saturnino Vasconcelos reparou na habilidade que Goes tinha com a bola nas mãos e convidou o aluno para auxiliá-lo nas aulas práticas; em troca, indicou o jovem para um trabalho na Prefeitura Municipal de Marechal Cândido Rondon, dando início à atuação dele no basquete da cidade.

Nasce a associação

Desde então, Goes não largou mais do basquete. Entre idas e vindas na Prefeitura e de um período lecionando no Ensino Superior, o desejo em fazer algo maior por meio do esporte se fortaleceu.

Ele chegou a fazer parte da primeira associação da cidade voltada ao basquete, mas, devido a desentendimentos, decidiu sair. Em 2013, teve a ideia de criar a própria associação, com início dos trabalhos no Colégio Estadual Frentino Saxer, com 43 alunos.

Não demorou para que mais escolas começassem a ser incluídas no projeto, alcançando mais de 300 crianças atletas atualmente.

O primeiro resultado nos campeonatos veio em 2016, com o título dos Jogos Escolares do Paraná e a classificação para a edição nacional, em João Pessoa, Paraíba.

Lugar de mulher é… na quadra de basquete!

Quando o basquete veio para o Brasil, era uma prática predominantemente feminina. Na associação “Crescendo com o Basquete”, o cenário foi bem diferente: só havia equipes de meninos no início.

Kauanny Schmitd não se importou com o cenário e logo se infiltrou nos treinos masculinos, desejando seguir os passos da mãe, que já havia representado o time feminino de basquete da cidade.

O treinador, Marcelo Goes, começou a instigá-la a encontrar mais meninas interessadas na modalidade. Honrando o sobrenome famoso, idêntico ao do maior jogador de basquete brasileiro, Oscar Schmitd, ela conseguiu reunir o primeiro time.

A participação dela no projeto não parou por aí! Influenciada pelo esporte, escolheu fazer faculdade de Educação Física e o “Crescendo com o Basquete” cumpriu mais uma vez com seu papel de gerar desenvolvimento para as pessoas, e a recebeu como estagiária.

O basquete era uma prática predominan-
temente feminina

“Agora, estou dando um novo passo aqui, como treinadora contratada do projeto. Isso tem um significado enorme na minha história”, conta.

“Se você quer ser atleta, antes é preciso ser um bom aluno, uma boa pessoa”

Graças à ousadia de Kauanny, sua xará Kauany Vargas pôde conhecer o basquete.

“Eu não sabia nada sobre o esporte. Fiquei sabendo dos treinos e resolvi aproveitar que eu tinha tempo livre para treinar. Eu me apaixonei, fui querendo me dedicar cada vez mais nos treinos e também na escola, já que essa é uma cobrança do projeto. Se você quer ser atleta, antes é preciso ser um bom aluno, uma boa pessoa. Eu levei isso bem a sério, levei para a vida. O basquete me ensinou a me dedicar sempre um pouquinho a mais”, enfatiza.

Placar favorável em todos os aspectos

As categorias do projeto são divididas em:

Sub-8: 8 e 9 anos e Iniciação 1: até 11 anos

Na parte técnica da iniciativa, até os 11 anos de idade, os atletas “brincam” de basquete. “A ideia é que a criança crie gosto pelo esporte, não existe cobrança por resultado, apenas estímulo ao desenvolvimento motor, para que descubram os limites do próprio corpo e o que conseguem fazer com a bola”, descreve Goes.

Iniciação 2: até 14 anos

Quando entram na iniciação 2, é hora de começar a conhecer os movimentos elementares do basquete, os fundamentos técnicos individuais e o jogo propriamente dito.

Iniciação 3: 14 e 15 anos

No nível 3, o aluno já deve estar dominando a base do basquete. “Aqui, começamos a mostrar a questão tática. É como na escola, vão passando de níveis”, complementa.

A partir dos 16 anos, os participantes do projeto entram para a categoria “performance”, começando a representar a cidade nas competições profissionais.

O projeto também já formou atletas profissionais!

Demonstrando que o basquete não tem idade, o “Crescendo com o Basquete” também surpreende com a categoria “master”: jogadores de 40 a 76 anos. “Isso é motivo de muito orgulho para nós, pois representa a longevidade por meio da prática esportiva. Serve como exemplo para os mais jovens”, comenta Goes.

O projeto pedagógico comprova sua eficiência a partir dos resultados:

A equipe sub-17 é uma das quatro melhores do Paraná;
→ Em 2016, o sub-14 foi campeão dos Jogos Escolares do Paraná;
→ Em 2017, o sub-14 foi vice-campeão dos Jogos Escolares do Paraná;
→ Em 2018, o sub-14 foi campeão dos Jogos Escolares do Paraná;
→ Em 2019, o sub-17 foi campeão dos Jogos Escolares do Paraná;
→ Em 2021, as duas equipes, sub-14 e sub-17 foram campeãs da mesma competição.

O projeto também já formou atletas profissionais! Dois garotos que passaram pelo “Crescendo com o basquete”, na equipe sub-17, tiveram projeção: um está no Flamengo/Blumenau, que é uma equipe subsidiada pelo Flamengo do Rio de Janeiro para revelar jovens atletas, e outro está no Mogi das Cruzes, de São Paulo.

É claro que esses são resultados muito celebrados, porém, há reflexos positivos que são mais difíceis de computar.

A partir dos valores ensinados, os jovens não saem do projeto, necessariamente atletas, mas, com certeza, seguem seu caminho com um repertório muito maior sobre como contribuir com a sociedade.

Respeito, disciplina e compromisso com a família são os pontos norteadores da proposta.

Rui Alberto Jaques é pai da atleta Maria Eduarda e enxergou no projeto uma forma de ajudar a filha a evoluir na inconstante fase da adolescência.

“Eu jogo basquete desde a infância e, depois que conheci o projeto, quis trazê-la aqui. Ela começou a gostar, está muito feliz, melhorou a autoconfiança, espírito de equipe, disciplina de horário. O esporte ajuda a crescermos enquanto pessoas”, celebra Rui.

“O esporte ajuda a crescermos enquanto pessoas”

União entre poder público e iniciativa privada para formar mais do que atletas

Alex Scherer Silva fez parte do projeto e não se tornou um atleta profissional de basquete, mas entende que passar pelos ensinamentos foi um marco em sua formação.

Ele é colaborador da Sicredi Aliança, cooperativa de crédito com sede em Marechal Cândido Rondon, e que atende municípios dos estados do Paraná e São Paulo.

A parceria da Sicredi com o projeto começou em 2021, como complemento aos recursos públicos que ajudam a subsidiar as atividades.

“O esporte conversa muito com a nossa causa. Em campo, é possível promover saúde, comprometimento, ajuda mútua, trabalho em equipe, estratégia. São inúmeros os benefícios. Estamos felizes pela inserção da nossa marca em um projeto tão nobre e que com certeza faz e fará a diferença para centenas de pessoas”, considera o diretor de negócios, Gilson Metz.

*Este conteúdo pertence ao Sicredi Aliança PR/SP, que apoia projetos sociais em prol do crescimento social. Saiba mais sobre nós aqui.

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