Há cinco anos, o projeto social da Jaclani Futuro vai muito além das questões técnicas do futsal e ensina como ser, antes de um bom jogador, ...11 minutos de leitura
Há cinco anos, o projeto social da Jaclani Futuro vai muito além das questões técnicas do futsal e ensina como ser, antes de um bom jogador, um bom cidadão
Uma vez, um repórter perguntou à teóloga alemã, Dorothee Sölle, como ela explicaria a felicidade para uma criança. Sem titubear, de forma rápida e certeira, ela respondeu: “Não explicaria. Daria uma bola para que ela jogasse”.
Além de gerar felicidade, a bola pode ser a impulsionadora do desenvolvimento social — que também proporciona alegria, não é mesmo? Quando o esporte se torna ferramenta de transformação, não há perdedores no apito final.
Cristiano Bortolon conhece bem o poder da bola. Entre os 5 e os 20 anos de idade jogou futsal em sua cidade, Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná. Aprendeu muito com o esporte e decidiu continuar no segmento, com uma loja de produtos esportivos.
Mas o apego pela bola na quadra exigia que ele fosse além: assim, nasceu o projeto e a escola Jaclani Futuro. “O futsal foi muito bom para mim e o projeto é minha forma de agradecimento”, ele enfatiza.
Além do time profissional, que hoje é a equipe oficial da cidade no Campeonato Paranaense e na Liga Futsal, a Jaclani Futuro se divide em duas frentes:
“O futsal foi muito bom para mim e o projeto é minha forma de agradecimento”
O projeto social Jaclani Futuro é a menina dos olhos para Bortolon. O som das chuteiras correndo pela quadra é música ritmada. São 180 meninos, entre 8 e 16 anos, que aprendem domínio de bola, dribles, esquema tático, mas que têm como principal lição absorvida a formação como cidadãos.
Assim, a breve história de 5 anos já tem farta colheita de resultados — e não entenda “resultados” apenas como jogadores que seguiram carreira. “Temos alunos que saíram daqui e hoje estão empregados, graças à formação que tiveram com a gente”, destaca Bortolon.
Da pequena Quatro Pontes — cidade vizinha de Marechal — veio um dos talentos lapidados no projeto. Desde os 6 anos, Dhjeslei Souza Lemes já mostrava que era diferenciado com a bola nos pés.
Com olhos de águia para observar no futsal quem poderia ir além da brincadeira, o professor Edevaldo Mora viu que o menino merecia apoio. Foram anos de insistência. “Fiz o papel, às vezes, de pai, conselheiro, amigo, médico. A gente se desdobra, porque faz isso por paixão. Eu via um grande potencial nele e não deixei que desistisse”, comenta.
O resultado de todo empenho pode ser visto hoje, depois de dois anos no projeto, com o atleta no time profissional da Jaclani Futuro, pronto para jogar os principais campeonatos em 2021.
Com 18 anos, Djheslei sabe bem o que o impulsiona a não parar de correr atrás da bola e dos objetivos. “O professor Edevaldo às vezes vinha em casa, me tirar da cama para ir treinar. Foi ele que me apoiou, acreditou em mim. Tenho sonho de dar melhores condições à minha família através do futsal”, revela o pivô da Jaclani, evidenciando que é mais um que deseja mudar sua realidade através do esporte.
Futsal de pai para filho
Eder Machado vibra ao redor de qualquer quadra em que o filho joga, desde criança. Mas seu grito ecoa mais forte quando um gol é evitado, já que a escolha de Eric Machado foi por defender cada bola que chega próxima às traves.
Ele, hoje, é goleiro da equipe profissional da Jaclani Futuro, mas sua trajetória foi construída no projeto social, com muitas lições aprendidas no caminho.
O gosto por jogar defendendo o gol veio do exemplo em casa. O pai também era goleiro.
“Tive oportunidades para profissionalizar a prática e não aproveitei, mas sonhava que meu filho pudesse trilhar esse caminho. Ele está desde os 13 anos na Jaclani e, agora, com 18 anos, já está no time profissional”, comemora o pai.
Apesar de celebrar as conquistas obtidas em quadra, para Eder, os ganhos são bem maiores em outros quesitos. “Com a Jaclani, ele aprendeu a cumprir deveres, horários, respeitar hierarquias”, enumera.
Eric lembra dos tempos em que o espaço que ocupava nos jogos da equipe de Marechal Cândido Rondon era nas arquibancadas — um torcedor assíduo junto ao pai.
Eder segue na plateia como um dos mais barulhentos — e orgulhosos — torcedores. “Oramos muito por esse momento. Somos pura emoção. Quando ele faz a defesa, a gente vibra como um gol”, conta o pai.
O jovem chegou a uma de suas principais metas, mas reconhece que a trajetória é difícil e que é preciso abraçar as oportunidades.
“Sempre falo para nunca desistir dos seus sonhos, acreditar em seu potencial, não desistir porque alguém disse que não daria certo. Dedique-se, treine até o quanto seu corpo conseguir para não se lamentar no futuro por ter desistido”, enfatiza Eric.
O futuro da Jaclani
A esperança é de que, em 2021, o projeto social possa receber 250 atletas. Como estrutura, o Jaclani Futuro conta com a Casa Atleta e todo o aparato necessário para oferecer treinamentos de qualidade aos garotos. A manutenção das atividades tem o apoio de diversos patrocinadores, entre eles, a Sicredi Aliança.
“A Sicredi nos apoiou desde o início. Se não fosse esse suporte, não estaríamos onde estamos hoje”, agradece Cristiano Bortolon. A intenção é ser uma ponte cada vez mais sólida para que os meninos do projeto possam se profissionalizar, se esse for o desejo deles.
A equipe profissional e o Sub-20 da Jaclani Futuro se tornaram importantes portas de entrada para essa realidade. Seguindo o lema da ação social, as únicas exigências são que o aproveitamento em quadra acompanhe as boas notas nos boletins escolares e que o atleta, antes da bola, domine as habilidades para ser um bom cidadão.
*Este conteúdo pertence ao Sicredi Aliança PR/SP, que apoia projetos sociais em prol do crescimento social. Saiba mais sobre nós aqui.
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