Duo Libras: plataforma para aprender a linguagem de sinais brasileira (LIBRAS)
Com o intuito de auxiliar na inclusão de pessoas com surdez, nasceu o Duo Libras, uma plataforma de aprendizagem da linguagem de sinais para todos.
A acessibilidade é um assunto que permeia discussões legais e acadêmicas no Brasil. No entanto, de acordo com parecer da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), são poucos os países que implementaram políticas substanciais de inclusão de pessoas com deficiência, para além de ações assistencialistas quase que avulsas.
No Brasil, mais de 10,7 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva. O dado registrado no estudo feito em conjunto pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda, revela ainda que 2,3 milhões de pessoas têm deficiência severa no país.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 500 milhões de surdos no mundo e, até 2050, haverá pelo menos 1 bilhão em todo o globo.
O Duo Libras, então, veio como uma iniciativa para trazer mais inclusão das pessoas com surdez, promovendo a linguagem de sinais para todos. A plataforma foi criada pelos sócios Manolo Torres e Márcio Ballera.
O interesse por LIBRAS
Manolo Torres, professor do Duo Libras descobriu, na infância, que tinha TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e, nessa época, sua mãe notou que crianças com esse transtorno são mais atentas visualmente.
Essa característica o levou a participar do grupo de surdos na igreja que frequentava, onde se encantou com LIBRAS e acabou virando fluente.
Torres cresceu dentro da comunidade surda e aprendeu o idioma sob a ótica e percepção dos deficientes auditivos, convivendo diariamente imerso na linguagem de sinais, até resolver ser professor.
A plataforma é uma iniciativa que traz mais inclusão
E surge o Duo Libras
Com a experiência, Torres percebeu a dificuldade da comunidade surda em se inserir.
“O grande desafio enfrentado pelos surdos é que os ouvintes [pessoas não-surdas] não entendem libras. Muito se fala de inclusão, mas por essa falta de conhecimento, os surdos têm dificuldade em todos os setores da sociedade”, afirma.
Já Márcio Ballera tinha uma escola de cursos profissionalizantes e, certo dia, uma aluna surda se inscreveu para as aulas. Contando com a ajuda de Torres para ajudá-la, os dois resolveram montar um curso de LIBRAS para os ouvintes.
Torres percebeu a dificuldade da comunidade surda em se inserir
E assim surgiu o Duo Libras, um curso 100% online que funciona como um seriado. Os personagens exercem a função pedagógica e são interpretados por Torres, que, além de empreendedor, é tradutor e ator.
Em entrevista ao ColaboreSe, Ballera contou que o formato do curso é exclusivo no Brasil para o ensino de LIBRAS.
São 120 episódios em vídeos que apresentam situações reais do dia a dia, como fazer compras, cozinhar, entre outras atividades de rotina. Os sinais são explicados durante as intervenções feitas pelo professor.
A proposta é ensinar o aluno ouvinte por meio da compreensão da linguagem de sinais ao contexto em que é empregado, proporcionando uma imersão na cultura surda. Durante seis meses, os alunos acessam cinco aulas-episódios por semana visando a fluência do idioma.
Repercussão nacional
A iniciativa, que teve início em Curitiba, já alcançou muito mais do que seus criadores imaginavam. Em 2020, os criadores do projeto foram aprovados para participar do programa Shark Tank Brasil, da Sony Channel. O reality show coloca empreendedores cara a cara com grandes empresários e investidores, para apresentar ideias e buscar recursos.
Um curso 100% online que funciona como um seriado
No pitch para os “tubarões”, como são chamados os investidores do programa, os sócios apresentaram o formato de ensino da Duo Libras e buscaram recursos para o negócio social.
Os empreendedores sociais ainda aproveitaram o espaço de alta audiência para provocar uma reflexão sobre acessibilidade.
“Quando nós fomos pro Shark Tank não levamos só o Duo Libras. Não é só uma marca, só nosso negócio. É uma causa, envolve a visibilidade gigantesca que os surdos vão ter, a conscientização de ouvintes para que se tenha, no mínimo, uma compreensão da importância dessa comunicação. Por falta dela, a comunidade surda vive isolada”, comentou Ballera.
“A nossa participação no programa significou colocar a causa em evidência: são grandes nomes, grandes empreendedores se atentando para o problema”, completou.
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